Um em cada três portugueses sofre de distúrbios mentais
Um em cada três portugueses sofre de distúrbios mentais, seja do foro psiquiátrico ou neurológico, o que custa anualmente 6,6 mil milhões de euros em cuidados de saúde, medicamentos e absentismo no trabalho, revela um estudo europeu.
«Os custos dos distúrbios mentais na Europa», apresentado esta terça-feira no Parlamento Europeu, em Bruxelas, foi realizado pelo Conselho Europeu das Doenças Cerebrais em 28 países europeus – os 25 comunitários mais a Islândia, Noruega e Suíça – e analisou a prevalência e o impacto económico das chamadas 12 «doenças do cérebro» mais vulgares, baseando-se em estatísticas nacionais. As doenças analisadas dividem-se em neurocirúrgicas (tumor e traumatismo craniano), neurológicas (epilepsia, enxaqueca, esclerose múltipla, Parkinson, apoplexia [derrame]) e psiquiátricas (demência, dependências [de drogas ilícitas ou álcool], distúrbios afectivos [depressões, esgotamentos], ansiedade [pânico, fobias] e distúrbios psicóticos [esquizofrenia]). Ao nível da prevalência das doenças do foro psiquiátrico ou neurológico, Portugal ocupa o 12ºlugar da lista de 28 países analisados. Em Portugal, o conjunto das doenças atinge 2,9 milhões de pessoas, com principal incidência nos distúrbios de ansiedade (981 portugueses entre os 18 e os 65 anos), enxaquecas (894 mil), desordens afectivas (528 mil) e dependências (196 mil). Entre as doenças analisadas que menos afectam os portugueses estão os tumores cerebrais (2.626 pessoas) e a esclerose múltipla (4.873). Quanto aos custos das doenças, o estudo estima que, em 2004, foram gastos em Portugal 6.651 milhões de euros em cuidados hospitalares e ambulatórios, medicamentos, limitação da capacidade de trabalho, absentismo e reformas antecipadas, o que coloca o país em 13º no ranking dos 28. O distúrbio que ficou «mais caro» foi o relacionado com os desequilíbrios afectivos (depressões e esgotamentos), na ordem dos 1.738 milhões de euros, seguido da demência (1.083 milhões) e das dependências (881 milhões). A maior parte dos gastos em Portugal (2.523 milhões de euros) está ligada às consequências indirectas das doenças (baixas ou reformas antecipadas), seguido dos cuidados de saúde (2.523 milhões) e despesas directas não médicas (1.357), como o apoio domiciliário. No conjunto dos 28 países estudados, os distúrbios mentais afectam 127 milhões de pessoas (27% da população), estimando-se que os custos atinjam os 386 mil milhões de euros por ano, ou seja, 829 euros por habitante. Estas doenças representam mais de um terço dos custos de todas as da Europa, pelo que o Conselho Europeu das Doenças Cerebrais, fundado em 2003 para promover a investigação sobre este tipo de distúrbios, considera que o investimento europeu em termos de verbas e investigação é desproporcional aos custos, mais ainda quando comparados com áreas como o cancro ou as doenças cardiovasculares. Segundo a organização, a investigação nas doenças cerebrais recebe «apenas» 8% do orçamento comunitário da investigação, o que representa 0,01% dos custos anuais da doença durante o período de sete anos de duração do programa. Por isso, o Conselho apela a um maior esforço de investigação e nos cuidados de saúde dedicados a esta área, a nível europeu e nacional, bem como o aumento das aulas sobre esta especialidade nas escolas de Medicina.
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